quinta-feira, 7 de março de 2013

Eu não sou uma boneca inflável.

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Aos desavisados aviso que isto não é um post de humor, e aos maledicentes, que também não é um post de cunho erótico. Apenas um post com uma opinião.
Hoje a USP virou notícia, e infelizmente por algo ruim. Há mais ou menos uns 30 anos que os veteranos da USP fazem o "Miss Bixete", um concurso para as calouras se exibirem e daí escolherem a mais bonita. Até ai tudo bem, se o concurso não fosse degradante, como algumas meninas que tiram a blusa apenas para ouvir gritinhos dos cuecas de plantão.

  
Panfleto de veteranos parodiando livro incentivava agressão de mulheres (Foto: Divulgação/Frente Feminista)   



O fato é que um grupo feminista se manifestou e foi insultado e ultrajado. Não só o grupo, mas todas as mulheres, depois que os organizadores distribuíram panfletos que incentivavam a violência contra a mulher e que dois caras resolveram exibir suas partes íntimas. Usaram até uma boneca inflável! Não pretendo me aprofundar neste acontecimento, quem quiser saber mais, é só clicar aqui, mas o quero dizer, e que muita gente já disse, é: CARA, ME RESPEITA!



Vi também muita gente criticando a Marcha das Vadias. Na maioria homens, ou mulheres já acostumadas com o pensamento retrógrado de que tem que aceitar tudo. As mulheres não tem o direito de pedir respeito? A que ponto chegamos, onde as mulheres tem que protestar para não serem estupradas??? A culpa não é da menina que usa roupa sensual, é do cara que é um pervertido. Acha que um órgão a mais torna ele o fodão.
Claro que tem as que não se valorizam, assim como existem homens também que não se dão ao respeito, mas nem por isso são abusados pelas mulheres.
Eu quero ter o direito de andar na rua sem me preocupar se tem algum maníaco por perto. Isto não é pedir demais. EU SOU MULHER E ME ORGULHO DISSO.
A questão é, ensinem a si mesmos, seus irmãos, filhos, primos, cachorro, uma coisinha simples: RESPEITO. Diga a ele que não é porque ele gosta da Valeka Poposuda, que pode tratar todas as outras como ela, que quando ele desejar uma menina, ele deverá conquistá-la, e talvez a possa ter pra sempre, que quando ele desrespeitar uma mulher, pode ter outro igual a ele  desrespeitando a mãe dele. E que se ele quiser manifestar instintos sujos mesmo assim, a China fabrica um monte de bonecas infláveis, do jeito que ele quiser, até com a cara da Lady Gaga e até do Justin Bieber, não precisa incomodar os outros.

Pronto. Falei!


terça-feira, 10 de julho de 2012

Não se mate por amor.

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Aliás, não se mate nunca. Por nada. Para iniciar as postagens deste blog, resolvi começar com algo que estou a fazer presentemente, então decidi escrever sobre Os Maias de Eça de Queiroz. Não o livro, pois ainda não tive a rica oportunidade de lê-lo, mas sobre a minissérie que foi ao ar na TV Globo em 2001, autoria da Maria Adelaide Amaral. Uma minissérie que, diga-se de passagem, foi primorosamente bem produzida. Tomando a liberdade de citar minha amiga Susy, se eu fosse filmar esta obra, creio que faria tudo igualzinho, sem tirar nem pôr.


Acho interessante o Eça de Queiroz. Meu primeiro contato com ele foi em A Relíquia, um maravilhoso (e cômico) retrato do "mercado negro" de antiguidades religiosas e de como nossa fé é fraca quando possui bases erradas. Engraçado que antes disso, eu imaginava que Eça de Queiroz era mesmo “essa”, ou seja, uma mulher. Imaginem o espanto quando descobri que não era rsrs. O segundo livro que li de sua autoria foi  O Primo Basílio, ótimo também. Acho que ainda melhor que o primeiro.
Mas, voltando ao que interessa, tive a ideia desse post ao assistir a cena em que Pedro da Maia (Leonardo Vieira) chora incontrolavelmente por ter perdido sua amada e decide por fim a sua vida.
O drama de Pedro da Maia é bastante comovente. Um filho criado sob a barra da saia da mãe e do padre, que se apaixona por Maria (Simone Spoladore) e se casa com ela a contragosto de seu pai. Aliás, ele só faz isso depois de posto contra a parede por ela. Casa-se, tem dois  filhos, a esposa foge com um italiano amigo seu levando sua filha, e ele se mata por conta disso. O Eça de Queiroz tem dessas coisas, tanto em Os Maias quanto em O Primo Basílio a traição vem de quem está perto, amigo, primo... Só ai já dava uma história e tanto, mas ainda tem muito drama pela frente, tanto que novela mexicana fica com inveja.
Percebe-se algo machista na história, um homem (Pedro da Maia) comandado pelas mulheres (sua mãe e depois sua esposa) e pela religião, e por conta disso tem sua vida desgraçada. Quando Pedro se mata e seu pai Dom Afonso (Walmor Chagas) passa a criar seu neto Carlos Eduardo (Fábio Assunção), ele decide que o menino será criado longe das mentiras da religião, mas sim sob a luz da razão e da ciência (pensamento iluminista da época). Mas não adiantou muito, visto que Carlos Eduardo acabou, sem saber, sendo amante da própria irmã.
Apesar de ser um escritor realista, Eça de Queiroz não extinguiu, pelo menos de Os Maias o ar trágico das obras do romantismo, estilo que lhe precedeu, e o qual ainda influenciava os escritos na época em que Queiroz lançou sua obra. Possuía claro, o tom sarcástico típico do realismo, com as críticas á sociedade moralmente hipócrita de Lisboa.
Mas o romance nos deixa uma reflexão, Dom Afonso da Maia (pai de Pedro e avô de Carlos Eduardo) repete incansavelmente: “Um homem que não controla suas paixões, não possui controle sobre sua vida. É um títere!”. Novamente o pensamento iluminista, razão acima da emoção. E, com efeito, tanto seu filho quanto seu neto foram vítimas das paixões.
Mas o que é o nossa vida? Ela é simplesmente a consequência de nossas escolhas, ou o resultado de uma força maior e implacável que é o destino?
Mas a frase que não me sai da cabeça, e que para mim é a síntese da obra, é a última fala de Carlos Eduardo para seu amigo João da Ega (Selton Melo), referindo-se ao cocheiro que já ia no final da rua: “Se corrermos ainda o pegamos”.
Apesar de todo o sofrimento por que passou, Carlos Eduardo da Maia continuou em frente. E assim é a vida, o futuro, não importa quantas vezes caímos, quão grande foi a nossa dor, se corrermos, ainda o pegamos.
 

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